Desde o ano de 1979 desisti definitivamente de assistir novelas, naquele momento era exibida a novela Pai Herói. Não me agradava o desenrolar vagaroso da trama, o protagonismo do vilão Bruno Baldaracci (Nuno) interpretado por Paulo Autran que sempre estava em vantagens diante das pessoas de caráter, era devastador para mim ser invadida por estas atitudes do personagem. Ainda nesta época, os vilões das novelas da Rede Globo na maioria das vezes não pagavam pelos seus crimes morriam ou fugiam. Percebi que essas tramas de certa maneira desdenhava dos telespectadores e não deixei mais que isto acontecesse comigo. Por outro, não tinha o amadurecimento para entender que a justiça brasileira na mentalidade das pessoas desta sociedade é a pena de morte. Quem comete crime tem que morrer e não ser preso. Ainda cultivamos o suplício, o castigo e a tortura.
Além do que foi citado acima, as tramas globais giram sempre em torno da família dilacerada onde os filhos desrespeitam os pais e ainda são as vítimas, e na novela para adolescentes estão presentes o namoro, sexo, desrespeito aos pais. A escola é mero objeto decorativo. Muitos(as) brasileiros(as) alegam que as novelas retratam a realidade. Mas, por que não utilizar este meio de comunicação, que tem concessão do governo, e que a população pode intervir, para mostrar outra realidade onde bom caráter seja valorizado, mas pelo contrário parece que atores e atrizes, autores e telespectadores estão envolto de uma energia negativa putrefada, regozijada nas novelas que efervecem com tantas maldades e violência. Os(as) telespectadores(as) alimentam seus espíritos com energias nojentas. Sabemos que a maldades existe em todos os lugares do mundo, mas elas não são os ingredientes principais para roterizar filmes e novelas. A família nem se fala é filho atirando no pai, é neto ameaçando avó de facada e etc.
No que tange à população negra, nestas novelas globias o lugar é da subaltrenização, empregados domésticos, ladrões, escravizados, empobrecidos, drogados, mulherengos. Nunca um papel de destaque positivo. Esta foi e ainda é a forma que o ator negro e a atriz negra aparecem nas telinhas das emissoras de TV brasileiras. O nordestino nem se fala, estão sempre com sotaque carregado, maltrapilhos e muitas vezes sujos, a mulheres são na maioria das vezes barraqueiras.
Mas por que este texto? Para relatar quão doce e singela é a novela infantil Carinha de Anjo, e qualquer pessoa pode assisti-la. Ela emociona pela capacidade demostrar o sentimento das pessoas e a valoração do positivo onde a educação doméstica e os conselhos positivos são transmitidos às crianças para que elas sejam pessoas de bom caráter. Destaca a família e como estas deve estar sempre unidas. Tem tudo que vemos na vida real, mas com leveza, existe nela o defeito de todas as emissoras em alongar os capítulos que muitas vezes os capítulos termina se perdendo, mas se reencontra. Esta é uma novela para a família e para as crianças.
A fantasia infantil está presente na novela, nos sonhos e nas travessuras dos Super-heróis Seu Bagunça/Zé Felipe (Leonardo Oliveira) e Super Eu/ Emílio Almeida (Gabriel Miller), e nos sonhos da protagonista Dulce Maria (Lorena Queiroz), ela sonha com a sua mãe, numa casinha de brinquedo onde ouve os bons conselhos da genitora, morta em um acidente. As travessuras das crianças nunca faltam e são engraçadas.
Carinha de Anjo é uma telenovela brasileira, exibida no SBT, é a segunda adaptação no Brasil. A primeira foi na Rede Tupi, Papai Coração. Ela é inspirada na mexicana Carita de Ángel, que por sua vez é um remake de Mundo de Joguete, baseada na argentina Papá Corazón. É digno de nota que o SBT conseguiu inovar com a sua novela bem adaptada para a atualidade brasileira.
No início relatei como a população negra é retratada na teledramaturgia brasileira, mas o SBT desta vez inova também um pouquinho quando apresenta uma família negra unida, estruturada, consciente do racismo que existe na sociedade brasileira. No entanto cai no trivial onde o negro estuda, mas o futuro está ancorado nas profissão de cantor e jogador de futebol. A família conta com o pai Eddie Coelho (Inácio) caseiro no colégio das freiras de onde sua esposa (Camila Camargo (Diana) é professora. Ela também é trabalhadora do lar, o administrando com muito amor e responsabilidade, cuidando das crianças, inclusive Zeca (Jean Carlos Porto), olha o apelido!?!?! Filho adotivo. Esse menino é muitos educado, e ao mesmo tempo muito tímido e tem baixa autoestima, pois sempre está crendo que não é possível concretizar o seu sonho, mas tem no pai o seu melhor amigo e conselheiro, que sempre o incentiva a prosseguir.
Enfim, mais um relato de que a sociedade brasileira e a sua teledramaturgia ainda não estão preparadas para inserirem o negro em suas telenovelas com personagens que estimulem a autoestima de crianças e jovens negros. Que tenha um negro ou negra protagonizando personagens de peso a exemplo de Gustavo Larios. Embora existam na trama em tela muita responsabilidade na educação da criança, deixa a desejar no que tange á população negra em papéis destacados e não subalternos.
Boa leitura!
Rosi Barreto
Enfim, mais um relato de que a sociedade brasileira e a sua teledramaturgia ainda não estão preparadas para inserirem o negro em suas telenovelas com personagens que estimulem a autoestima de crianças e jovens negros. Que tenha um negro ou negra protagonizando personagens de peso a exemplo de Gustavo Larios. Embora existam na trama em tela muita responsabilidade na educação da criança, deixa a desejar no que tange á população negra em papéis destacados e não subalternos.
Boa leitura!
Rosi Barreto
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