Bem, mais um ano chega e contamos com o crescente racismo brasileiro. Concordando com o Prof. Carlos Moore ele é cirúrgico. Corta a pele como anestesia, e a própria vítima não sente e segue incólume como se nada estava acontecendo. E com o Prof. Kabengele Munanga que diz ser o racismo brasileiro o crime perfeito, e é. Muitas das vezes o próprio negro defende o racista e diz que nunca sofreu racismo.
Mas, desde o ano 2003 temos uma Lei que defende o estudo da história do africano-brasileiro e do africanos, veremos o seu texto logo abaixo).
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.§ 3o (VETADO)""Art. 79-A. (VETADO)""Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o
da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Mas desde então quase nada foi feito para que nas escolas esta lei fosse realmente implementada. Falta a formação para os professores vetada na lei. Como por em prática algo que por lei veta a formação de professores? Sendo assim o Estado é coerente com a lei, promulga sem dar condições de aplicação e formação de professores com o veto abaixo citado. O que festejamos então?
"Art. 79-A. Os cursos de capacitação
para professores deverão contar com a participação de entidades do movimento
afro-brasileiro, das universidades e de outras instituições de pesquisa pertinentes à
matéria."
Como, um presidente que apoia a população fere os princípios fundamentais para o acesso dos brasileiros se apropriarem da lacuna deixada pela história do Brasil invisibilizando a maioria de sua população. Que de consciência negra teremos? A única saída é a educação para as relações raciais fica a cargo dos professores militantes para fazerem este trabalho em sala de aula. Este é uma das conclusões de minha tese. As formações e projetos acontecido foram permitidos e sem obrigação de continuidade, uma formação para "inglês ver".
Não resta dúvidas que esta lei está sustentada no racismo dissimulado e doméstico brasileiro que define os conteúdos educativos, deixando para as disciplinas Educação Artística, História e Literatura este trabalho de desconstrução do racismo na história do Brasil. Mas, sem a formação do professor, como fica?
Que felicidade! Temos a lei mas temos também um grupo de intelectuais negros que agem como os brancos. Formam grupos de interesse e excluem outros negros que poderiam e deveriam somar para a união de todos, combatendo o racismo. Muitos destes intelectuais também têm o prazer de dar acesso aos brancos conhecimentos para mais uma vez eles, - os(as) brancos (as) contarem a nossa história a nós negros (as). Faz parte do racismo cirúrgico e crime prefeito.
E o Movimento Negro? Ostentamos o negro no poder? Qual? Pois vemos a cada dia crescer o extermínio da população negra, e a inserção de alguns negros nas universidades, advogados negros, pequenos empresários negros está incomodando a população racista brasileira. Negros são ofendidos cotidianamente no Brasil e presos sem razão, haja vista a prisão de Rafael Braga. Precisamos nos mobilizar, só não vejo como se não conseguimos nos unir. Temos parte do comprotamento brasileiro da individualidade, do egoísmo. Não conseguimos ver que a união nos fortalece. A maioria está sempre formando os seus grupinhos e esquecendo que a luta é coletiva, muitos querem apenas os holofotes para si fingindo que luta por uma coletividade. Aproxime-se deste grupo e verá a atitude, é a de, excluir e desprezar o próprio irmão negro(a). Muitos desaparecem, reaparecendo quando publica um livro, têm um artigo publicado em uma grande revista, ou fez uma palestra, ou foi convidado(a) para um evento, logo após desaparecem. Assim não cresceremos nunca!
Tomara que no ano de 2018 tenhamos coragem de ultrapassar o obstáculo brasileirístico da individualidade, egoísmo, ostentação do que não existe e consciência de que precisamos nos unir a cada negro(a) morto(a) e discriminado(a) não apenas pela violência policial, mas no sistema de saúde e educação. Precisamos entender que o que fizemos ainda é pouco, precisamos fazer mais, com união. O egoísmo e a individualidade são os nossos maiores inimigos leva ao racismo e à morte!
Lembremos que Zumbi não pode ter morrido para continuarmos morrendo com as facetas dissimuladas do racismo brasilero!
Lembremos que Zumbi não pode ter morrido para continuarmos morrendo com as facetas dissimuladas do racismo brasilero!
"Feliz" dia da Consciência Negra!
Rosivalda Barreto!
Boa leitura!