terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O MEU BLOGUE, QUEM LÊ?

O blogue da Rosi Barreto foi uma forma de desabafo sobre as injustiças sofridas pela população negra brasileira. E não só, mas esclarecer determinadas ideias controversa sobre o racismo brasileiro. Venho agradecer então pela colaboração dos(as) leitores(as), e também dar uma mostra de que sem patrocínio, anúncios consegui divulgar as minhas ideias e pensamentos pelo mundo, claro que todo o mundo não lê. Desde 2015 quando comecei a escrever já consegui muitos leitores, e compartilho com vocês o que para mim significa o sucesso do Blogue.

Compartilho com vocês o que consegui durante estes quase dois anos com o Blog da Rosi Barreto! É digno de nota que ele está em construção!



UMA EXPERIẼNCIA DE DESCOBERTA DO CARÁTER NACIONAL BRASILEIRO

Este texto vai para complementar o comentário do professor Roberto Xavier e outro do excelentíssimo Professor Rogério Santana. Bravos professores! Tocaram em pontos cruciais e importantíssimos que se tivermos coragem de descortinar o caráter nacional brasileiro em que estamos envolvtos e não sentimos, poderemos salvar o Brasil sim!

"Estamos tentando mexer com os brios de um povo maltratado! Por esperança é sim. Se for NÃO já desistimos do Brasil!!" (Rogério Santana). Infelizmente somos filhos do maltrato e muitas das vezes não conseguimos nos desvencilhar disto: Por exemplo: votamos em Collor e em todos os outros políticos ladrões que estão no poder para retirar cada vez mais os nossos direitos. Enfim: Brasileiro não desiste nunca, nem quando erra. Faz questão de não ver o óbvio, quer sempre convencer o outro que está certo mesmo quando está errado. Não gosta de ouvir críticas e se recusa a fazer autoavaliação para melhorar, além disto leva tudo para o lado pessoal. Tem tendências cartelistas fazendo grupinho onde outros não podem participar. Por esta razão muitas de nossas lutas são inglórias. Nestes grupos todos temos razão e terminamos nas brigas insanas que não nos leva a lugar nenhum.

" O fato é que nossa fôrma de pensar e forma de agir nos acorrenta ao Mourão do curral, ao engenho, a capela e a casa-grande da Fazenda. Ainda necessitamos de um São Sebastião, um monarca ou um oligarquia para salvar a nossa deserdada pátria amada. Ainda somos uns "desterrados Em nossa própria terra". Nossa barco continua à deriva e nossa Res continua sem Pública. Eis aí onde reside o hercúleo esforço politico-juridico-midiático para a manutenção unissona de nosso analfabetismo político." (Roberto Xavier)

A educação de qualidade é a nossa salvação! Toda a sua fala revela o quanto a maioria da população está atada à escravidão mental, à alienação mesmo alguns intelectuais. Antônio Drauzio Varella, é um médico oncologista, cientista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo, na qual foi aprovado em 2° lugar, conhecido por popularizar a medicina no Brasil, através de programas de rádio e TV. Este cidadão brasileiro renomado se presta a tal papel. Ser pago para fazer uma campanha do governo federal, conscientizando as pessoas a combaterem o mosquito Aedes Aegypti, e diz que: - Um mosquito não pode derrotar o país inteiro. Ok! Mesmo que todos os brasileiros moradores das periferias, que não recebem o serviço adequado na distribuição de água em suas residências cubram os suas panelas, baldes e reservatórios. Mesmo que os moradores dos centros das cidades que têm o abastecimento normal troquem todos os dias a água das suas plantas. Ainda temos mais de 70% do esgoto brasileiro a céu aberto, será que o mosquito só acertará a casa de quem tem uma panela destampada? Por que o mesmo médico em seu programa não faz uma campanha pelo abastecimento de água normal para todos e cobertura dos esgotos a céu aberto?  Assim o Aedes não estaria causando desde o ano de 1911 dengue, e na sequência: zika, chikungunya, e agora a febre amarela. Esta é a forma de agir do renomado médico!

Ainda delegamos aos políticos o que precisamos, depois de eleitos, nunca mais olhamos o que o senador, deputado federal ou estadual e vereadores estão fazendo. Tomamos de assalto as barbaridades que eles fazem em nome do que dizem ser democracia. Democracia? Como? Democracia que permite extermínio de um grupo social, democracia que dá direito a um PM-BA pensar que pode agredir fisicamente uma pessoa por que quis, como disse capitão Bruno  e como fez o PM do vídeo abaixo, por que quis! Na época da ditadura só era preso o subversivo e na democracia é o pobre, preto e favelado o inimigo número um do Estado. E nós politizados ficamos inertes assistindo a tantos absurdos e ainda dizemos que existe democracia por que vamos a cada dois anos votar nos mesmos.





 Ainda sobre a "plasticidade" e "cordialidade", ambas passeiam juntas. Uma certa feita estava numa festa de formatura. Cada pessoa que chegava era uma alegria, uma beijação e um abraçamento generalizado e todos muito alegres sorrindo. Ao meu lado alguns italianos. Um deles comentou com os que o acompanhava: - Não sei por que eles se abraçam e se beijam tanto. Eu na minha santa "plasticidade/cordialidade", achei um absurdo este comentário. E pensei com os meus botões. Eles não entendem que somos amigos. A minha avózinha dizia para mim quando eu falava de meus amigos. Vc não tem amigos. Eu também na minha santa "plasticidade/cordialidade" não compreendi. Novamente imbuída do caráter nacional brasileiro imaginava: Se todos eram tão amigos, me tratavam tão bem, éramos felizes juntos, íamos para festas como não eram meus amigos? Mas, com o tempo aqueles que eu dizia amigos forma se afastando, por nada e eu ficava sem entender. Se a pessoa falava comigo, sorria por que fingia que não me via, tratava-me com frieza depois. Não entendia! Ficava decepcionada se eu não tinha feito nada para a pessoa?!?!?!

Enfim, fui aprovada para o mestrado, Logo vi alguns olhares de amigos decepcionados com o meu sucesso, não entendi. Comecei a estudar era uma felicidade só. Com o tempo e alguns posicionamentos contrários vi aqueles amigos se afastarem e me isolarem (na própria linha de pesquisa que concluí o doutorado). Continuei sem entender! Até que um dia fui estudar uma disciplina fabulosa que todos os estudantes deveriam fazer: O público e o privado com a docente Sonia Barreto. Ali eu entendi tudo o que não percebia antes, por que não entendia o caráter nacional brasileiro. Enfim, nasci com um "defeito", não consigo ser "plástica" nem "cordial", eu falo o que sinto e não consigo fingir, logo sou uma discrepância no caráter nacional. E quem é as vezes como eu antigamente não entendia a mudança abrupta das pessoas.

Agora quando vejo uma pessoa dizendo que faz e acontece só assisto, espero por que sei que não vai dar em nada. Aí reside o "fogo de palha" como também dizia a minha avó. As pessoas falam, falam e no final! Não fazem nada!!!! Por esta razão como bem diz o nosso professor Roberto Xavier "Ainda necessitamos de um São Sebastião, um monarca ou um oligarquia para salvar a nossa deserdada pátria amada. " Mas, ainda precisamos de Cristo para não morrermos mais, por que ele vem nos salvar no dia do juízo final, além do mundo estar no domínio do inimigo. A religião e nome da alienação e da ascensão dos políticos evangélicos.  Mas no carnaval, para cair na folia o evangélico pode, assim como se envolver com falcatrua política.

No vídeo abaixo os evangélicos  tanto estão no carnaval, quanto dançam o afro e o samba reggae, ainda mais na Bahia vendem acarajé como bolinho de Jesus e praticam também a capoeira de Jesus!





 
Professor Rogê Santana, não desistirmos do Brasil é deixar de lado a "cordialidade" e a "plasticidade" que como caráter nacional pega a todos na nossa sociedade, políticos, intelectuais, moradores das favelas, lideranças dos movimentos sociais até o morador dos confins do Brasil. É deixar de fingir ser o que não somos. Por que desta forma não seremos a vergonha alheia! 

Rosi Barreto!
Boa Leitura!
Obrigada por visitar o blogue

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Carnaval sem cordas não é novidade em Salvador

Carnaval em Salvador sempre foi sem cordas. Blocos eram formados pelas pessoas da elite soteropolitana que não queriam se juntar ao povão, ou seja, aos pipocas. O carnaval para estas pessoas era nos clubes, Fantoches da Euterpe, Cruz Vermelha, Português, Espanhol.

Fantoches da Euterpe - 2 de Julho

   Fonte: Texto e Cia. Créditos: Jornal A Tarde.

Clube Cruz Vermelha - Campo Grande


   Fonte: http://www.salvador-antiga.com/campo-grande/antigo-campo-grande.htm.

Clube Espanhol - Barra

    Fonte: http://www.clubeespanhol.com.br/historico.


Clube Português - extinto

    Fonte: Aratu online.


De lá de dentro eles ficavam informados sobre o furdunço na cidade , que certamente achavam gosto, com bons artistas fazendo a festa junto com os foliões locais e turistas que valorizavam a diversidade no carnaval de Salvador. Um baile a fantasia a céu aberto. A elite não aguentou ver quanto era bom sair na rua dançando sem muros. Os trios que tocavam para os pipocas eram: Tapajós, Marajós, Saborosa. O Dodô e Osmar, com ambos os inventores cantando  com emoção a cada carnaval que eles lembravam se seu invento, o quanto tinha crescido e como agradava ao povo, e tocavam com amor para os pipocas. Mas é digno de nota, que por muito tempo foram abandonados pelos organizadores da festa. Além da Caetanave (Com Caetano, Gal e Gil) todos os três dias de carnaval do Campo Grande à Praça da Sé e da Sé ao Campo Grande. Era uma delícia, inesquecível. As imagens abaixo destaca os trios faziam o carnaval dos pipocas.

Trio elétrico Tapajós

Fonte: Bahia de todos os povos: https://abahiadetodosospovos.wordpress.com/tag/orlando-tapajos-cria-a-caetanave/

Trio elétrico Marajós




Trio elétrico Saborosa

Fonte: IBahia

                                                Fonte: IBahia


 Trio elétrico Dodô e Osmar
Fonte: Família Macedo. Arquivo pessoal.


Trio elétrico Caetanave


Fonte: http://caetanoendetalle.blogspot.com.br/2015/07/1980-ave-caetano.html

Com este carnaval da delícia os ricos saíram dos clubes e formaram os seus blocos, não poderiam sair jamais junto com aquele povo pobre e preto. Basta observar a cor do pipocas. Assim surgiram: Os Internacionais que cada ano saiam com as fantasias mais lindas. Os Corujas, Top 69, o Bloco do Barão, muito depois o Camaleão com Luis Caldas. Todos estes não aceitavam pretos como folião, mas não compartilhava a beleza de ter os melhores artistas tocando para eles e sim para os pipocas. O não-negros, inconformados começaram a contratar estas bandas para os seus blocos e elas iam ganhar mais dinheiro. 

Outros blocos que surgiram depois, os de índio: Apaches, Comanches, e ainda outros variados como os Fidalgos, os Estudantes, Secos e Molhados, Românticos, estes com pretos dentro de suas cordas. Depois o Frenesi; Banda Salamandra, Scorpius e atual Chiclete com Banana, com o Bell que saía no Bloco Traz os Montes. E o Lavem Elas, bloco feminino extinto pelo machismo soteropolitano. Num ano de carnaval os homens bateram tanto nestas mulheres que nunca mais o bloco saiu.

Tempo em que os blocos faziam fantasia carnavalesca para os seus foliões, hoje esta tradição fica apenas para as maravilhosas Muquiranas e o bloco afro Ilê Ayiê. Agora o carnaval deixou de ser a festa da diversidade para ser a da igualdade nas camiseta chamadas Abadás. Antes o carnaval de Salvador era um baile de fantasia a céu aberto, os blocos de trio saíam de macacão, ou de mortalha cada um mais lindo que  o outro, os outros citados acima cada ano com uma fantasia diferente, era lindo de apreciar. A avenida ficava colorida com as mamães sacode coloridas dos blocos de trio, a fantasia do pipoca era a mortalha. Tínhamos as escolas de samba: Juventude do Garcia, Filhos do Tororó, Diplomatas de Amaralina, Ritmistas do Samba, Ritmos da Liberdade, Bafo da Onça e a Escola de Samba do Politeama.  Infelizmente o Brasileiro não é bom com história e memórias, esquecem fácil e não lidam bem com preservação das tradições e por esta razão propalam coisas antigas como novidade. Não são dados à solução de continuidade, mudam tanto as coisas que termina perdendo a essência. Carnaval hoje em Salvador é com: O Rappa, Anita, Pablo dentre outros.

Fala aqui uma pessoa que tem 50 anos ininterruptos de carnaval, uma carnaval maníaca. Esta que na sexta-feira ia ver o Alerta Mocidade, hoje Alerta Geral, o Alvorada e Olodum na sexta-feira depois das 23 horas no centro histórico, subindo pela Carlos Comes. A mesma que ficava até a quarta-feira de cinzas no encontro dos trios na Praça Castro Alves ao som de: Os Novos Baianos ( Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Luiz Galvão), Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa. Estas eram as atrações do carnaval dos pipocas. ACM Neto, certamente não sabia, era um bebê na época. Até os trios elétricos tinham modelos diferentes como vimos acima. 

Este era o verdadeiro carnaval dos pipocas, o carnaval de Salvador que tanto os governos municipal e estadual, vendo o fluxo de turistas atraído pelo carnaval resolveram gananciosamente organizar e descaracterizar a festa retirando a essência e a festa se tornou a festa da extorsão tanto por parte dos blocos quanto por parte da prefeitura com a quantidade de taxas que tanto ambulantes quanto blocos pagam para saírem às ruas para fazer a efêmera alegria do povo.  Eles pagam o ISC (Imposto Sobre Circulação), ou seja paga para sair dançando e tocando. O carnaval soteropolitano se transformou no palco para famosos e artistas globais aparecerem, cantores nacionais lançarem os suas músicas, sabendo que os holofotes brasileiros se voltavam para a capital baiana neste momento. Como a nossa cidade é racista o carnaval na Avenida vai perdendo cada dia o espaço para o carnaval da Barra que foi pensado para a segregação da população.

Se soma ao carnaval de Salvador a violência onde o negro de folião nato se torna o folião segregado. O carnaval do apartheid, segundo pesquisa do Jornal A Tarde constatando que  " [...] 76% da população de Salvador não pula carnaval, e mesmo os 24% que pulam ficam espremidos entre tapumes e cordas de blocos. Para os negros a beleza de serem pipocas se transformou n tristeza de sair para se transformar no saco de pancada da polícia, trabalharem como cordeiros e pagarem para serem vendedores ambulantes.



Além a cidade se tornou cenário da violência policial que avança sobre todos brasileiros que estiverem na festa e turistas que o policial na hora sinta vontade de bater.  A matéria Racismo e Carnaval! Imagens da discriminação racial no Brasil, com base na pesquisa no a Tarde explica onde está o negro no carnaval de Salvador cuja referência está referenciada abaixo.


Referência

Racismo e Carnaval! Imagens da discriminação racial no Brasil. Blog Teorias versus e práticas. https://teoriaversuspratica.blogspot.com.br/2015/02/racismoemsalvador.html.
 


Boa leitura!
Rosi Barreto

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

BRASIL: país digno de infinitos estudos de mestrado, doutorado e pós-doutorado!

O Brasil é um país formado por pessoas: católicas, evangélicas, neo-pentecostais, enfim pessoas cristãs. No sentido denotativo cristão é: aquele que se diz ou aquele que professa ou frequenta igreja de uma modalidade de cristianismo, ou, que é conforme ou compatível com os princípios do cristianismo. Quais são estes princípios: seguir os 10 mandamentos, a lei do amor e da solidariedade. Com base neles as igrejas evangélicas, pentecostais, neo-pentecostais se proliferam pelo Brasil com muita facilidade. 

O povo brasileiro realmente gosta de fazer ações humanitárias em países estrangeiros, se compadece com os atentados em países europeus, no entanto não conseguem o mesmo quando alguma injustiça acontece no Brasil. Ao mesmo tempo que seguimos o evangelho, levamos milhões às ruas em procissão e cultos evangélicos louvando a Deus conseguimos conviver com:

a) O extermínio da população negra e compreende que todo preto é ladrão, muitos negros são assassinados no Brasil por que o policial pensa que o negro é ladrão. 

b) Somos democráticos, mas quando temos um projeto fazemos propaganda para convencer o outro de que o meu projeto é bom, mesmo que exista outra possibilidade de fazer diferente. Gostamos de protesto pacífico, por que se não for: bomba de gás, ou seja de efeito moral, bala de borracha etc. Se correr e um policial estiver passando ele atira, mata e só depois se saberá se a pessoa é um bandido ou não. Pessoas não podem correr se a polícia abordar sob a pena de ser assassinada e a população apoia questionando: porque correu? Detalhe, a nossa justiça é a morte a exemplo de "Vigiar e punir' de Faucoult: bandido bom é bandido morto e ficamos todos felizes comemorando o suplício, mentalidade do século XVIII.

c) Somos amigos, receptivos festejamos os amigos, abraçamos, beijamos só enquanto convivemos com as pessoas as quais dizemos que são amigas e gostamos e quando podemos tirar proveito próprio daquela amizade. Senão, quando os "amigos" que se abraçavam, saíam juntos, se beijavam se distanciam se esquecem que um dia foram "amigos", problemas com a memória, que segue no tópico abaixo.

d) A memória curta, então esquece com muita facilidade e votam nos políticos corruptos para se perpetuarem no poder, inclusive os que nada fizeram para minimizar o extermínio da população negra; a saúde pública permanece igual. Comemora uma lei de cotas que nem todos os negros se beneficiam, apenas se estudarem na escola pública e a família receber até 2,5 salários mínimos. No entanto os mortadelas comemoras projetos sociais do Bolsa Família que já existia com o nome de Bolsa Escola e FIES que também existia antes como Crédito Educativo, além das privatizações que o PT era contra e depois que dominou o poder começou a privatizar mas dizia que fazia Concessão. Enfim, vivemos numa democracia onde um não respeita o direito do outro pensar diferente. Se sou PSDB sou "coxinhas" e PT "mortadela" bem democrático.

e) O Movimento Negro brasileiro, ativo por muitas décadas, é responsável  por muitas vitórias. Mas a luta se perdeu no caminho, pouco atua significativamente no caso do extermínio dos jovens negros. Não conseguimos desenvolver a autoestima dos negros e negras brasileiros(as), que permanecem num estado de alienação grandíssimo. Fica-se feliz quando Beyoncé ganha um prêmio, mas no caso dos negros famosos brasileiros não vejo um jovem negro das escolas públicas exaltando um famoso, intelectual ou cientistas negros no máximo se exalta jogadores negros. Como parte do caráter nacional o negro brasileiros não gosta dele mesmo, como o brasileiro não gosta (branco ou negro) e temos a tendência a formar cartéis. Formamos grupinhos e discriminamo-nos entre nós mesmos. Excluímos o nosso irmão, o nosso igual.

f) Quando um(a) negro(a) consegue êxito em alguma coisa evidenciamos imediatamente: uma pessoa negra, e pobre e favelada.


g) Gostamos muito de fazer comédia com coisas que são sérias e desrespeitosas. Uma pessoa desrespeita o trânsito e dá o dedo médio para a repórter e o que temos: Um mix do desrespeito. Vejam abaixo:





h) Em meio aos caos, violência policial, políticos corruptos, impunidade e reforma trabalhista que talvez aumente em duas horas a hora trabalhada ainda assim trabalhadores explorados felizes dançam alegremente no pátio da empresa.





i) Acho que somos o único país no mundo que estudantes permanecem na escola por 8 anos e saem sem falar a sua língua materna e o inglês.

j) E a amizade. Ela é fervorosa enquanto as pessoas estão próximas das outras, convivendo cotidianamente. No momento que por algum motivo acontece um distanciamento. Acabou!!! Ela só tem um pouco de durabilidade quando da amizade se cogitar tirar algo de proveitoso do outro. A famosa lei Gerson.

Temos super heróis lendários: Homem Aranha, Super-homem, Lanterna Verde, Homem de Ferro, Capitão América, Nacional Kid, Power Rangers, no Brasil temos o Homem Cueca, casado com a Mulher Calcinha e têm o filho o Menino Fralda. Este super herói cobra R$ 100,00 reais para ajudar ao seu próximo, pede o dinheiro do transporte e está na Netflix para ser acessado pelo mundo. Ele é um belo exemplo do cidadão corrupto cotidiano que quer levar vantagem em tudo. Talvez, quem sabe no dia que tomarmos consciência disto possamos ser um país melhor.

No que tange ainda á população negra. O Ilê Ayiê foi pioneiro na luta antirracista. Desenvolveu a autoestima das mulheres negras no que se refere à estática, tem um bom projeto de educação na Escola Mãe Hilda e cursos profissionalizantes. Mas é um bloco elitista: não se consegue uma entrevista para pesquisa,  visitar uma biblioteca tudo com muita dificuldade. Inclusive a casa grande que assiste o desfile do Ilê Âyiê, por que no seu camarote a maioria dos foliões são brancos. Um dia levei o meu filho para ver o bloco afro e o camarote. E ele me perguntou por que tinha mais brancos do que negros. Eu respondi que a maioria da população negra é pobre e ele me respondeu. Mas, minha mãe porque eles não trocam o ingressos por alimentos não perecível. Envergonhada saí daquele lugar e fui embora diante da observação de uma criança de 7 anos de idade.

Outra coisa, no Brasil onde tem um índice de extermínio da população negra tem altíssimo com repercussão internacional as pessoas se chocam e se revoltam quando morrem animais. Não que os animais sejam renegados, mas por saber que um negro no Brasil vale menos que um animal.

Talvez no dia que a nossa sociedade tomar consciência disto sejamos melhores, por que enquanto somos apenas os homens e mulheres cordiais.

Obrigada!
Boa leitura!
Rosi Barreto 


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A MORTE DE D. MARISA LETÍCIA!

Meio ausente das redes sociais, não sabia da morte de D. Marisa. Impressionante os comentário nestes novos veículos de comunicação social. Aquilo para mim era como se as pessoas fossem seres que não se pode comparar a nenhum tipo de animal. Parecia também que os comentaristas eram pessoas cuspidas no mundo, ou seja sem entes queridos e  familiares, uma coisa no mundo sem nenhuma relação social.

Estes comentários me fez ver a violência que assola o Brasil e que ela é produto da sociedade brasileira. De certa forma resulta da impunidade, violência policial, extermínio da população negra existente no Brasil e nutrida pela conivência de quem administra o país nas instâncias municipais, estaduais e federal e pela sociedade. Uns têm coragem de roubar, estuprar, corromper, traficar explicitamente e outros não são diferentes, só não tem a coragem de se exporem, mas cometem atos semelhantes aos citados acima quando estão por trás do computador.

D. Marisa não é nada minha, é um ser humano que merece respeito, que tem uma família que como qualquer outra no Brasil sofre com a perde um ente querido.

As atitudes ofensivas ao ex-presidente Lula explica por que o Brasil não cresce, tem os políticos mais mentirosos e corruptos do planeta além de uma população mentalmente débil.

Estes comentários a respeito da morte de D. Marisa deixa explícito quão ruim é a população brasileira. Um povo que se diz cristão, evangélico religioso, faz campanha humanitária e fica em casa se escondendo atrás de um computador para destilar ódio, desrespeito, violência, racismo, homofobia e tudo de ruim. 

Não é de se admirar por que vivemos num país com tantas miséria, violência doméstica, policial, estupros, assassinatos diversos, intolerância religiosa dentre outras coisas. É a natureza miserável que se esconde atrás de cada ser deplorável que se vangloria da desgraça alheia e faz apologia ao suplício. E ainda nos achamos modernos e evoluídos com mentalidade aprisionada na idade antiga.

Somos o país que tem como super-herói, o Homem cueca que cobra R$ 100,00 (cem reais) para fazer o bem, quer tirar vantagem em todas as coisas e tem prazer em preservar as leis da malandragem. Casado com a Mulher calcinha e tem um filho o Menino fralda. Isto é veiculado na mídia e o filme está na Netflix. SIMPLESMENTE VERGONHOSO!!!


Rosi Barreto

sábado, 19 de novembro de 2016

AFRICA: ENTRE ACOMODAÇÃO, NEGAÇÃO E AFIRMAÇÃO.




AFRICA: ENTRE ACOMODAÇÃO, NEGAÇÃO E AFIRMAÇÃO.



ACOMODAÇÃO: COLONIALISMO, ÁFRICA POR ELA MESMA

Este texto foi produzido para uma palestra na Universidade Estadual de Feira de Santana num evento organizado pelo Núcleo de Estudos Africanos e Indígenas.

Hoje é o dia em que a nação brasileira comemora o Dia da Consciência Negra, 20 de Novembro. Ele foi aprovado no calendários escolar em 2003, mas foi com a lei 12.519, de 10 de novembro de 2011 que foi aclamado em nível nacional. Esta data foi eleita por que coincide com o dia do assassinato de Zumbi dos Palmares no ano de 1695 por Domingos Jorge Velho, que recebeu recompensa em dinheiro, terras e uma missa em ação de graças.

Este texto que foi produzido para uma palestra na Universidade Estadual de Feira de Santana, no ano de 2012. Hoje resolvi postá-lo em homenagem a nós, todos os negros e negras que resistem ao extermínio, ou genocídio, etnocídio, feminicídio e infanticídio desde 1549 quando chegou ao Brasil, o primeiro navio que traficava pessoas africanas escravizadas de forma criminosa.

O tema que sintetizarei é complexo, primeiro por que o continente africano não é homogêneo, aliás, nada é homogêneo em nenhum lugar. Onde existem homens e mulheres, pessoas, não existem homogeneidades, existem complexidades, hetrogeneidades e diversidade. Essa complexidade se agrava com o desconhecimento e ignorância da sociedade brasileira sobre a sua própria história e a do continente africano. O Brasil amputou a história do(a) negro(a) e dos aborígenes brasileiros(as) e da África de nossos currículos escolares, em vez disto nos foi oferecido em doses cavalares conhecimentos sobre o continente do colonizador, o europeu. Foi tão forte que não nos sensibilizarmos com as nossas desgraças, mas com as desgraças do colonizador que vem cometendo atrocidades desde séculos conosco e com os outros que consideram pessoas de segunda categoria. A África não é uma massa atrasada como afirma Gramicsi no livro ‘Os Intelectuais e a Organização da Cultural’ (1982, p. 20). Existe diversidade étnica, cultural, religiosa, social, política; história, escrita, organicidade e inteligência nas sociedades africanas. No continente africano existe uma infinidade de línguas fazeres e saberes étnicos. Contudo devemos compreender como nos aponta Cheick Anta Diop que existe unidade na diversidade africana.

DA ACOMODAÇÃO

O continente africano nunca se acomodou, muito menos os africanos no Brasil nem os africanos-brasileiros, na formulação de Luz(). Em quais aspectos podemos pensar que existiu acomodação no continente africano? Essa quase que acomodação transparece por que não conhecemos nem entendemos ao certo a forma como o colonialismo vigorou e neo colonialismo se retroalimenta no continente. Parece que os genocídios, etnocídios, a fome e outras sabotagens barram o continente africano e sua forma de resistência e enfrentamento. Segundo, os(as) africanos(as) tiveram e têm que enfrentado crimes que atentaram e atentam contra a sua cultura, expressão religiosa e suas próprias vidas. A invenção da arma de fogo e da metralhadora foi importante para a colonização. A Maxim foi utilizada pela primeira vez numa operação militar no Egito, oferecida por Hiram Maxim às forças Britânicas de, 1886 a 1890. Depois foi utilizada na campanha de pacificação, dos Boeres também em África. Por que em África? Quantas pessoas foram assassinadas nesse período, além dos outros tantos que morreram durante o tráfico negreiro criminoso? Qual o problema do continente africano é a sua riqueza ou pobreza? São questões a serem refletidas.

O continente africano e os afrodescendentes não se deixam acomodar totalmente mesmo com todas as adversidades que encontram e encontram pelo caminho. As suas formas de luta são invisibilizadas pelo sistema político, social e econômico capitalista racista de maneira geral, o que nos deixa a impressão de uma acomodação. Embora exista de certa forma, não é uma máxima. No Brasil a cultura de base africana representada nas irmandades, religiosidade, capoeira entre outras, são maiores exemplos de coragem da população negra contra o racismo. Basta pensarmos em mulheres como Kimpa Vita (Congo) que fundou o movimento antoniano (M’Bokolo), Nzinga (Angola) contra o tráfico transatlântico criminoso (Luz) e Sarraounia (Níger) contra os franceses. E as brasileiras Luiza Mahim, Zeferina, Dandara, Mãe Stela ialorixá do Ilê Axé Opôafonjá, Mãe Beata, Carolina Maria de Jesus dentre outras,

Outros exemplos estão nos africanos que interessados em desenvolver sua própria marcha desenvolvimentista e moderna, segundo seus preceitos e cosmovisão foram brutalmente assassinados a exemplo de em: 1957, Dedan Kimathi (Quênia); 1958, Reubem Um Nyobe (Camarões); 1959, Bathelemey Boganda (Rep. Centro Africana); 1960, Felix-Rolant Moumié (Camaõres)1; 1961, Jean-Pierre Finant (Congo), Joseph Okito, Maurice Mpolo e Patrice Lumumba (Congo Kinshasa)2; 1963, Sylvanus Olympio (Togo); 1965, Mehdi Bem Barka (Marrocos); 1966, Ossende Afana (Camarões); 1968, Pierre Mulele (Congo); 1969, Eduardo Mondlane (Moçambique)3; 1972, Ange Diawara Bidie e Jean-Baptiste Ikoko (Congo Brazzaville); 1973, Outel Bono (Chade)4 e Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde)5; 1974, Onkgopotse Tiro (África do Sul); 1975, Herbert Chiptepo (Zâmbia) e Josiah Kariuki (Quênia); 1976, Murtala Mohamed (Nigéria)6; 1977, Steve Biko (África do Sul)7 e Modibo Keita (Mali)8; 1981, Joe Gqabi (África do Sul); 1982, Ruth First (África do Sul); 1983, Attati Mpakati (Zimbábue); 1986, Samora Machel (Moçambique), 1987, Thoma Sankara (Burkina Faso)9, e Kadafi 2011 (Líbia).

Intelectuais como Cheikh Anta Diop, Jacques Depelchin, Ki-zerbo, Elisée Soumonni, Wamba dia Wamba, Hampate Bâ, Tehophile Obenga, Severino Ngoenha, Carlos Moore, Henrique Cunha Junior, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Chimamanda Adiche, Angela Davis, Bell Hooks, e nós que estamos aqui mostra que essa acomodação não nos afeta em sua totalidade. A acomodação atual está em alguns dos líderes africanos e dos países em desenvolvimento como o Brasil celebrarem acordos com países imperialistas, organismos e agências internacionais negociando suas riquezas. O que não se restringe apenas ao continente africano, no Brasil temos um exemplo recente as obras de Belo Monte, sem que nenhum parlamentar se abale com os impactos ambientais em sua totalidade e a atual tragédia de Mariana.

É importante notar que os africanos não se deixaram escravizar (Cunha Junior). Existe uma parte da população africana que preserva valores tradicionais. Mas também é mais importante saber que existe um sistema que está obcecado pela destruição da humanidade na África, principalmente pela sua riqueza, não pela sua pobreza. E os países da diáspora corroboram com as práticas racistas que dificultam a vida dos(as) negros(as) e perpetrando o preconceito anti-africano e antinegro. No Brasil, o exemplo mais recente se expressa pela dificuldade na aceitação das ‘Cotas para Negros’ nas Universidades que foram aprovadas como cotas sociais e a exclusão da população negra em todos os setores da sociedade. Quais são, os motivos pelos quais os racistas são contra as cotas? A obstinação não para, não dá tréguas pelo fato de a sociedade brasileira não suportar ver pessoas negras ascenderem a setores antes ocupados apenas por outros(as), os não-negros.

A sociedade brasileira não aceita lidar com mulheres e homens os indesejados, africanos(as) e afrodescendentes, em suma, não podem suportar qualquer coisa que desestruture o poder de quem por séculos de mantém no poder, os brancos(as), eles não suportam a comunalidade no poder, na divisão de espaços e conviver com a cultura dos que consideram inferiores. Questionemo-nos, porque tantos anos de obstinação para destruírem Palmares, Canudos e Caldeirão, os quilombos e as populações indígenas?

No continente africano existiram as guerras de expansão, mas elas nunca promoveram genocídios em massa como a humanidade assistiu com o tráfico transatlântico criminoso e a escravidão africana na diáspora. Um verdadeiro holocausto que traz até hoje suas consequências não devendo nada ao crime cometido contra os judeus. Nessa escravidão se negou totalmente e humanidade, a cultura, a religiosidade, os saberes e fazeres africanos atribuindo-os diretamente ao atraso. O que não corresponde com a realidade. Aliado a isso convivemos diuturnamente com a negação da filosofia e história africana e dos afrodescendentes. Os currículos escolares nos oferecem a história e exemplos da acivilização ocidental quando promoveram suas guerras, genocídios, suplícios, violência física e simbólica contra si e contra os outros. E que é o bárbaro e selvagem? Aimé Césaire observa que

[…] uma civilização que é incapaz de resolver os problemas que cria é uma civilização decadente. Uma civilização que opta por ignorar os seus problemas mais cruciais é uma civilização agonizante. Uma civilização que ludibrie com os seus princípios é uma civilização moribunda. O fato é que a própria civilização "européia", "ocidental", como em dois séculos moldaram o regime burguês, é incapaz de resolver dois grandes problemas que a sua existência gerou: o problema do proletariado e o problema colonial, que se refere ao limite da "razão", como ao limite da "consciência", que a Europa é incapaz de ser justificada, e que, cada vez mais, ela se refugia em uma hipocrisia, especialmente porque ela emprega menos esforço para evitar a induzir a erros. (Tradução Nossa)

Ariès (1981) em História Social da Infância e da Família aponta acontecimentos na idade antiga referentes ao tratamento dados às crianças na infância - o infanticídio, à família, à privacidade, ao trato com a terra que em nada corresponde à mesma época no continente africano, o que demonstra a civilização dos povos africanos. De acordo com o filósofo moçambicano Severino Ngoenha (2007), o desafio africano é aliar a tradição ao moderno preservando a cultura, a cosmovisão africana por que isso diz respeito a resolver problemas criados pelos efeitos nefastos do colonialismo. No que tange à escravidão, mesmo tendo existido no continente africano e nos quilombos (o que não é especificidade africana, porque existiu escravidão em outros locais) ela em sua forma nunca negou a humanidade das pessoas. A democracia sempre existiu na forma em que se exercia o poder, poder esse descentralizado e compartilhado com respeito ao mais velho, considerando a sua experiência de vida (KI-ZERBO, 2006), (HAMPATÉ BÂ, 2003). O respeito ao idoso é e era de fundamental importância o que não vemos na sociedade ocidentalizada brasileira, civilizada, democrática onde temos e precisamos do estatuto do idoso, elaboramos leis para obrigar esse respeito.

A filosofia banto nos presenteia com esse pensamento que está subjacente à irmandade do Rosário dos Pretos de Salvador. E está em consonância com a filosofia egípcia. O NTU, o princípio da existência de tudo. “O Muntu é a pessoa constituída pelo corpo, mente, cultura e palavra. O Ubuntu, a existência definida pela existência de outras existências. Eu nós existimos porque você e os outros existem, tem um sentido colaborativo da existência humana coletiva nisto [...] A natureza como respeito profundo a vida. [...] Uma criança nasce e de imediato é classificada na categoria de coisas, seres animados, até que através da palavra falada alguém lhe dê um nome e o pronuncie. A palavra transforma o ser animado potencial humano, passível de inteligência humana a ser desenvolvida.” CUNHA JUNIOR (2010, p. 26-31) . Vemos que os princípios africanos presentes na África pré-colonial eram nobres e creio que devem continuar sendo, mesmo tendo sofrido abalos com após ser invadido por Portugal, França. Espanha, Inglaterra, Bélgica, Itália, Holanda, Dinamarca, EUA, Suécia, Áustria-Hungria e Imperio Otomano.



NEGAÇÃO: A AUTONEGAÇÃO, A NEGAÇÃO DOS DE FORA,

A negação e autonegação ocorre pelo fato de desconhecermos a história africana, dos afrodescendente e dos africanos no Brasil. Inicia na África quando os africanos são induzidos a desconhecerem a sua história nos bancos escolares, por que a educação escolar tempo em que educa, aliena as pessoas de sua história. “Uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade” afirma o ministro da propaganda da Alemanha Nazista, Paul Joseph Goebbels. A afirmação e escuta permanente da ausência de cultura, história, civilização repetidas muitas vezes por séculos, se constituiu em verdade, e as pessoas se negam e não querem ver o que contraria o que lhe foi veementemente afirmado. Temos inúmeras obras não traduzidas e as que são traduzidas corroboram com para colonialização do saber e do conhecimento e com a neo-colinização. Hoje em Cabo Verde os portugueses ainda sufocam os caboverdianos com sua literatura impondo ainda a sua presença, além da presença chinesa. Essa negação é corroborada para o bem do capitalismo e do consumo exacerbado. No Brasil não é o contrário.

Uma vez reconhecendo que existe uma história africana, que é alicerce para a história da humanidade se demolirá a negação e autonegação da África. O colonialismo foi e continua sendo que entrou no continente africano, latino-americano dentre outros, abriu uma ferida incurável, o racismo que nega a humanidade. Uma vez negada a humanidade de alguns, se condena a humanidade inteira, desestruturando e desequilibrando as populações africanas e na diáspora africana. Este desequilíbrio, que também nos põe em divergência com outros seres humanos, levou os líderes africanos a colaborarem com a colonização e neo-colonização, não diferindo no Brasil. A humanidade tirada dos africanos, restrita apenas ao branco europeu, aliena-se a humanidade à branquitude. Em Paris, no ano de 1789 os representantes do povo francês declararam os direitos imprescritíveis do homem, liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão. O que não foi estendido para os africanos no Haiti. O que criou por uma parte o sentimento de superioridade em alguns e noutros o de inferioridade e autonegação de valores, cultura, religiosidade.

Os colonizadores europeus sempre pensaram os africanos como objeto de exploração territorial econômica, não diferindo hoje dos países não-europeus, a exemplo do Brasil, agindo atualmente como um predador da África. exatamente como os colonizadores. A supressão cultural e religiosa africana, que era o alicerce das sociedades africanas Achebe ( 1983), novamente o Brasil com a leva de igrejas neopentecostal, as empresas brasileiras em África. Contudo, a família, os laços consanguíneos e de parentesco; matirlinearidade e patrilinearidade, o exercício do poder distribuído para que todos que se sintissem participantes, não representados como em nossa democracia, a tradição oral, são valores que foram abalados, mas muitos não se perderam (ALTUNA, 1983).

AFIRMAÇÃO: FILOSOFIA AFRICANA, RELIGIOSIDADE, EXPERIÊNCIA DE BRASIL E FORTALEZA

A ancestralidade, a religiosidade, a circularidade, a energia o axé (ioruba) (LUZ, 2000). O ntu (banto) ALTUNA (1983). O que corresponde ao maat egípcio, (Obenga) e a tradição oral que também são responsáveis pela afrobrasilidade, ou cultura de base africana e valores resignficados em algumas organizações sociais, nas manifestações culturais simbólicas, estéticas e dos saberes africanos resignificados no Brasil. São saberes e fazeres tradicionais persistentes a exemplo das iniciações africanas e as celebrações fúnebres (Guiné-Bissau). Em Bom Juá nas décadas de 1940, 50, 60 e 70 ainda existiam as sentinelas e em Plataforma Salvador - BA permanece, independente da idade do morto, o cortejo fúnebre seguir até o cemitério levando o caixão nas mãos. A morte embora para alguns seja o fim da vida, ou para outros a ressurreição no dia do juízo final (pensamento religioso cristão) na religião do candomblé é a passagem para a vida no mundo invisível, junto aos ancestrais, por esta razão de realiza uma cerimônia chamada Axexê. Outro valor afirmativo é a propriedade coletiva em detrimento da privada. A solidariedade em detrimento da individualidade, vemos hoje em algumas comunidades tradicionais os quilombos e nos terreiros de candomblés.

Os lugares/territórios são compostos de seres humanos e os seres humanos modificam as coisas diante de suas necessidades e momentos históricos. Os povos africanos produziram civilizações, e elas atendiam às necessidades da época, o que denota que as tecnologias africanas africanas eram avançadas antecedendo às dos europeus (matemática,filosofia, agricultura, medicina, astronomia etc). Por essa razão não podemos atribuir a esse continente a ahistoricidade, a aculturabilidade, a acivilização. Todos os povos têm civilização desde que pensemos que a civilização tem aspectos particulares e singulares. E que entendamos que a civilização é ampla não atendendo apenas a uma lógica e ótica, a eurocêntrica.
Selecionada para o mestrado em educação na UFC, tive a oportunidade de viver fora de meu estado. Nele nunca tive a experiência de ser tão admirada, “elogiada”. Em Fortaleza os homens e mulheres de pele escura são cotidianamente lembrados de que aquele não é o seu lugar, nem lugar de africano
(a). Um exemplo para falar de acomodação, negação e afirmação: mesmo eu estando falando o português com sotaque baiano, ou se o(a) negro(a) for cearense com sotaque local é oriundo(a) de qualquer país africano. O que considero nossa acomodação aos ditames racistas e antiafricanos na sociedade brasileira tempo em que é negação da pessoa e de valores negros, e afirmação de racismo criminoso contra afro-brasileiros e africanos(as).

O reconhecimento da filosofia africana é um exemplo de afirmação. Existe um esforço de Teophile Obenga em afirmar a filosofia africana, Cuhna Junoir, Severino Ngoenha nos mostrando que a filosofia tem origens no Egito e que existem outras filosofias no continente africano. No que tange à religiosidade, mesmo com a invasão desrespeitosa de outras práticas religiosas (islamismo e catolicismo e atualmente o neo penteconstalismo) a religiosidade africana se mantém associada a essas outras práticas religiosas. Os africanos associaram e incorporaram o que lhes interessava das outras religiões. a exemplo do que nos trás Hampate Bâ e os exemplos dos estudantes guineenses, nigerianos. Embora muitos não tenham tido contato com sua religiosidade. Essa religiosidade que não se afasta da vida social nem afasta Deus das pessoas. Deus na religiosidade africana é onipresente, inquestionável. Assim como na religião do candomblé, os orixás são seres divinizados, ancestrais. A religiosidade africana não prima pelo sofrimento e sim pelo equilíbrio e felicidade nem entende a morte como o fim e sim como um rito de passagem de um estágio da vida para outro: A morte é energia reenviada para o divino. É o retorno ao divino que é a energia inicial. É o retorno ao início.

O colonialismo europeu ignorando a complexidade das populações africanas e objetivando a destruição por conta de sua ganância inculca o contrário nas mentalidades, muitas vezes alvo de colonização metal e cria uma entidade denominada satanás, inexistente nas religiões africanas e de matriz africana para desequilibrar as nossas mentes erigindo a satanização das nossas religiões e das africanas. Cria as teorias racistas e nelas inferioriza e desumaniza todas as práticas sociais africanas.

O candomblé, umbanda, o samba, a capoeira no Brasil são símbolos de resistência afro-brasileira ao colonialismo, racismo criminoso, preconceito anti negro a preconceito antiafricanao. A África tem tudo para se reconstituir mesmo na modernidade por que trás em si complexidades desde seus primórdios e não seria diferente no momento atual, como sabemos a África inaugura tecnologias. O candomblé e a capoeira angola, são atualizações e resignificações, o que significa que se houve possibilidades fora da África na adversidade é possível para a África atualizar-se nos momentos atuais se os países desenvolvidos e ditos em desenvolvimento não sabotarem a marcha desenvolvimentista africana. Se os países desenvolvidos criarem seus próprios meios sem extorquir o continente africano e os outros em detrimento de seu próprio desenvolvimento. Exemplo: Cabo Verde: na existem editoras, os livro são importados de Portugal. Não existe agricultura por que os portugueses plantaram uma erva daninha que seca o solo, a universidade pública se nega a tratar sobre história africana, contudo a afirmação existe no sentido de um grupo de professore insatisfeitos criarem uma universidade particular para discutir sues problema e afirmarem sua história. exemplo, em Angola um campanha ferrenha para o uso do leite industrializado em detrimento ao aleitamento materno para a comercialização do leite Ninho. É a nestlé, por trás das campanhas. Enfim, a afirmação do africano e do afrodescendente é uma tarefa árdua.

A África pensanda por ela mesma pode se estruturar, se formos capazes todos(as) de conscientemente barrar o neo-colonialismo porque ela não não fará, se não é a barbárie? Grande parte dos jovens africanos em Fortaleza, e principalmente os caboverdianos, se vêem africanos no Brasil, mas por serem discriminados e serem confundidos com pessoas “cheias de doenças” mesmo não aparentando serem doentes. Exemplo Andy, “Quando cheguei não dava conta de minha cor. Muito menos do estigma. Aqui pude me enxergar como diferente. A ignorância das pessoas veio de brinde, com o preconceito” O caboverdiano aqui citado não quis ser grosseiro e preferiu tratar o racismo como apenas um preconceito.

Ainda segundo informações de Andy para o Jornal o Povo: Andava com bermudas e chinelos, quando viveu no Papicu, para evitar os ladrões, “porque o bairro é violento”. Então era confundido com o próprio perigo – algumas pessoas atravessavam a rua. Se vestisse jeans e polo, era assaltado. Há uns meses, procurava apartamento no Benfica. Bateu à porta da senhoria: “Estou interessado no quarto para aluguel”. Ela olhou para os lados e gritou: “Socorro!”. E o colocou para fora dali. Sem mais.

Nós brasileiros que temos muita coisa da cultura de base africana, precisamos conhecer a história africana e identificar a nossa relação com a África que é o que temos de melhor para reconstruirmos a sociedade de maneira digna e solidária, primando pelos valores africanos de solidariedade, comunidade, equilíbrio, sociabilidade e verdadeira democracia. E olharmos onde nos levaram, e nos levarão os valores europeus da individualidade, consumo, e exploração do que é alheio.

Deixar os africanos pensarem o que é melhor para eles sem deixar se levar pelas interferências externas, mas como fazer isso com o sistema capitalista que se mostra nas entrelinhas racista e antinegro e
preconceituoso com as filosofias, cultura e religiosidade africana.  


NOTAS

1 De acordo coma nota de rodapé Moore (2008, p.49) denuncia que esse líder africano, importante téorico pan-africanista, dirigente Da União das Populações de Camarões (UPC). Foi assassiando com o veneno Tálio, em um hotel em Genebra, Suiça, pela “Mão Vermelha”, uma seção do Serviço de Inteligência Francesa (SDECE) que se encarregava, na época, de exterminar os dirigentes nacionais africanos nas colônias francesas.

2Primeiro-Ministro do Congo, assassinado num complô orquestrado pelos EUA, Bélgica e França Op cit.

3Presidente da FELIMO (Frente Libertadora de Moçambique), assassinado pelo Serviço de Inteligência de Portugal (PIDE) com uma bomba. Opcit p. 50.

4Dirigente pan-africanista assassinado em Paris com dois tiros no peito pelo Serviço de Inteligência da França (SDECE). Op. cit..

5Líder da Gunié-Bissau do (Partido pela Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde), assassinado pelo Serviço de Inteligência de Portugal (PIDE) com participação de traidores do movimento. Op cit.

6Presidente da Nigéria, foi assassinado pelo serviço secreto dos EUA (CIA) e da Grã-Bretanha (MS).

7Assassinado na detenção pelo regime do Apartheid, foi propulsor da filosofia consciência negra. Op. Cit.p.51

8Presidente do Mali, foi eliminado por emergência de um golpe de Estado promovido pela França. Op. Cit.

9Primeiro-Ministro, assassinado em sua residência, presume-se que pelo governo francês. Op. cit. Maiores informações a cerca de motivos que levaram ao extermínio de inúmeros líderes africanos, estão disponíveis em: MOORE, Carlos. A África que Incomoda: sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro. Belo Horizonte:Nandyala. (Coleção Repensando a África, v. 1), 2008. 217 p.

 notas



REFERÊNCIAS

ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa. Cultura tradicional banto. Secretariado. Arquiduidiocesano de Pastoral, Luanda, 1985.

ARIÈS, Phillipe. História social da criança e da família. Tradução de Dora Flasksman. Rio de Janeiro: LCT, 1981.

BÂ, Hampâté Amadou. Amkoullel, o menino fula.Tradução Xina Smith de Vasconcleos. São Paulo: Palas Athena/Casa das Áfricas, 2003.

ACHEBE, Chinua Achibe. O Mundo se despedaça. São Paulo: Ática, 1983.

MOORE, Carlos. A África que Incomoda: sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro. Belo Horizonte:Nandyala. (Coleção Repensando a África, v. 1), 2008. 217 p.

Ki-ZERBO, Joseph. Para quando África? Entrevista com René Holenstein. Tradução Carlos Aboim de Brito. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.

Racismo à brasileira: Em Fortaleza, Andy Monroy – estudante caboverdiano – confundido com o próprio perigo. <http://www.revistaforum.com.br/mariafro/2011/08/22/racismo-a-brasileira-andy-monroy-estudante-caboverdiano-em-fortaleza-confundido-com-o-proprio-perigo/>.