A África sendo o berço da humanidade, naturalmente não teria sobrevivido até a colonização sem tradição e filosofia. Munanga (2009)[2], Ki-zerbo (2006)[3], Luz (2000)[4], Altuna(1985)[5], Obenga(2004)[6] afirmam que existe uma filosofia, ou seja, uma cosmovisão africana que concluímos ser banto e ioruba. As duas fazem parte do cenário brasileiro e estão imbricadas nas religiões de matriz africana. Existe uma unidade na diversidade de acordo com os autores acima, o que caracteriza o continente africano: religiosidade, energia vital (para nós da religião de matriz africana chamamos de axé) e valorização da natureza; circularidade, o que explica dançarmos o candomblé numa roda e jogarmos capoeira também numa roda. Nesse espaço célebre a hierarquia respeita a antiguidade, ou seja, quem é mais velho no santo ou na capoeira, o mestre. O poder não passa pela posse financeira.
A filosofia tradicional africana não contempla a contradição (bem x mau) / (céu x inferno). Essas dois adjetivos se inseriram na realidade africana a partir do islamismo, catolicismo e na atualidade com o neo-pentencostalismo. A filosofia africana crê que o mundo deva ser equilibrado. Esse equilíbrio segundo a filosofia egípcia é Maat[7]. O mau e bem são energias que nos circundam, e a energia negativa (que não é a personificação da imagem do demônio, nem do satanás), é a causa do desequilíbrio. Logo, nessa cosmovisão os humanos podem direcionar bem ou mal as energias, causando bem ou mal para si e para os outros. Por que a filosofia Ubuntu, consiste em ‘existimos por que os outros existem’, e esses outros, são todos os seres animais, vegetais e minerais. Certamente a energia negativa provoca desequilíbrio e resulta nas nossas faltas. Essas faltas podem ser perdoadas, amenizadas e promover equilíbrio e são corrigidas por meio das oferendas a Deus, através dos Oirxás e Ancestrais.
A vida deve ser vivida agora, e a felicidade deve fazer parte da vida, vida essa que está respeitando um ciclo entre dois mundos o material Aiyê e o espiritual Orun. Somos todos/as energia, que num movimento circular retorna à sua origem: Deus. A morte é um rito de passagem para a vida espiritual, logo, a morte inexiste. Morrer é, não deixar descendentes. A religião tradicional africana é uma religião de vida e não de sacrifícios, nem de morte. Por essa razão dançamos e cantamos quando celebramos. A energia está na música e no som dos tambores, a nossa voz é o tambor!
Nessa religião existem: Deus entidade inquestionável; os seres divinizados (orixás), entidade representantes dos fenômenos da natureza e os ancestrais (eguns)[8]. Dentre os orixás existe um, o EXU, ele me fez pensar na filosofia e na dialética. Por que esse orixá é tudo que há na natureza humana, amor, ódio, graça, sensatez, insensatez, humor, logo cada homem e mulher possui um EXU! O que é o EXU??
BIBLIOGRAFIA ELETRÔNICA
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica>. Acesso em 29 jan, 2012. 15:27.
Dicponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandria
[1] NGOENHA, Severino Elias. Filosofia Africana: das independências às liberdades. Maputo: Edições Paulistas. 1993.
[2] KABENGELE, Munanga. Negritude: usos e sentidos. Coleção Cultura Negra e Identidade. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2009.
[3] Ki-ZERBO, Joseph. Para Quando África? Entrevista com René Holenstein. Tradução Carlos Aboim de Brito. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.
[4] LUZ, Marco Aurélio de Oliveira. Agadá: dinâmica da civilização africano-brasileira. 2a Edição. Salvador: EDUFBA. 2000.
[5] ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Assúa. Cultura Tradicional Banto. Lunada: Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. 1985.
[6] OBENGA. Teòphile. African Philosophy – The Pharaonic Period: 2780-330 BC. Dakar: Per Ankh, 2004.
[7] Op. cit.
[8]
Os mortos. Esses são homenageados nos cultos dos Egunguns, masculinos e
Geledés, femininos. Informações fundamentadas poderão ser encontradas
em: SANTOS. Juana Elben. Os Nagô e a Morte: Padè, Asèsè e o Culto do Egun na Bahia. Tradução Universidade Federal da Bahia. 13ª Edição. Petrópolis: Vozes. 2008. [9] Os mortos. Esses são homenageados nos cultos dos Egunguns, masculinos e Geledés, femininos. Informações fundamentadas poderão ser encontradas em: SANTOS. Juana Elben. Os Nagô e a Morte: Padè, Asèsè e o Culto do Egun na Bahia. Tradução Universidade Federal da Bahia. 13ª Edição. Petrópolis: Vozes. 2008.
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